O câncer de mama é o segundo tipo mais comum no mundo, sendo a causa mais frequente de morte por câncer entre as mulheres. Segundo uma estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA), uma em cada oito mulheres terá câncer de mama ao longo de sua vida e no Brasil estima-se que até o final de 2021 haverá mais de 66 mil diagnósticos da doença.
Apesar dos números assustadores, a médica da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Pollyana Dornelas Pereira, destacou que se detectado precocemente a chance de cura é maior. “É muito importante que nós conheçamos os fatores de risco e os fatores de prevenção para que possamos atuar neste cenário oferecendo para essas mulheres um diagnóstico precoce e procedimentos menos invasivos, se descoberto no início. Para que a mulher tenha uma melhor qualidade de vida”, disse.
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Luana Roriz, de 37 anos, tem prótese nos seios há nove anos e há mais ou menos cinco anos começou a sentir algo diferente na mama esquerda, seu mamilo começou aos poucos a se inverter. “Não sei se por medo de descobrir algo que eu não queria ou se realmente eu acreditava que era da prótese. Mas coloquei na minha cabeça que era da prótese e como eu não tinha intenção de trocar naquela época eu fui deixando”, contou.
Em abril deste ano ela resolveu procurar um cirurgião plástico para descobrir o que estava acontecendo, trocar a prótese se fosse necessário e corrigir o mamilo. Ao chegar na consulta o cirurgião se assustou com a condição e indicou que ela procurasse um mastologista. Após uma bateria de exames incluindo mamografia e biópsia, Luana foi diagnosticada com câncer de mama metastático em estágio 4 avançado, agravado pela demora do diagnóstico.
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Apesar de sempre se achar forte em meio às adversidades da vida, Luana confessou que ao receber a notícia se sentiu sem chão, mas escolheu acreditar que a fé e o otimismo são maiores do que qualquer diagnóstico e qualquer sentença. “Eu já tenho metástase óssea, no osso externo, e no fígado. Nas palavras dos médicos é um tipo de câncer incurável, porém controlável. Eu posso viver com essa doença por anos”, disse.
Tanto a descoberta do diagnóstico quanto o tratamento foram iniciados ainda em meio a um momento crítico da pandemia, antes da vacinação da sua faixa etária, mas ela não deixou que isso a impedisse de encarar esse processo. “O meu tratamento faço de casa, não preciso neste primeiro momento me submeter a uma quimioterapia. É um tratamento com medicações para controlar os meus hormônios, que são o motivo principal de eu ter desenvolvido essa doença”, explicou.
O mastologista Marcelo Bello, diretor do Hospital de Câncer III, do Inca, assegurou que o câncer de mama não é uma sentença de morte e não se deve ter medo de fazer um diagnóstico, visto que os tratamentos são extremamente eficazes, ainda mais se diagnosticado precocemente. “A pandemia já aliviou bastante, hoje em dia já retomamos essa questão de rastreio e exames de diagnóstico com segurança. Então não tem por que não fazer mais isso”, pontuou.
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Aparentemente saudável e sem nenhum caso na família, a blogueira Adriana Félix, do "Se Arruma Menina", foi diagnosticada com câncer de mama agressivo em maio de 2017, aos 34 anos. Em meio a correria do trabalho e a falta de tempo para se observar, ela percebeu um caroço na mama que mudou sua vida completamente, obrigando que ela desacelerasse e todo o seu foco se voltasse para a saúde.
“Achava que estava na minha melhor fase, eu estava saudável, aparentemente. Nunca imaginei que iria acontecer isso comigo e aí, de repente, me vi dentro de um hospital do SUS (Sistema Único de Saúde), fazendo quimioterapia e vendo um monte de gente ao meu redor indo embora por conta da mesma doença que eu estava lutando para sobreviver”, contou.
Com o diagnóstico ela deu início às sessões de quimioterapia e precisou enfrentar a temida queda dos cabelos, mas ela não deixou a vaidade de lado. Lenços coloridos combinando com a maquiagem, cílios postiços e contorno para disfarçar o rosto inchado foram as maneiras que ela encontrou para se lembrar da sua essência e não se deixar abater.
Nas redes sociais ela passou a contar sua luta pela vida. Se mantendo otimista, ela acabou se tornando uma fonte de inspiração para outras mulheres que estavam passando pelo mesmo momento. “Antes eu queria um cabelo perfeito e quando eu fiquei careca eu só queria ter cabelo. Antes eu queria ter um corpo perfeito e quando eu estava doente eu só queria ter saúde. Então mudou bastante a minha visão em relação a isso e os valores que a gente dá.”
Depois de um ano e meio de tratamento, passando por quatro sessões de quimioterapia vermelhas, 12 brancas, 35 sessões de radioterapia e uma cirurgia, Adriana recebeu o diagnóstico da remissão do câncer, que é o período em que a doença está sob controle. Hoje ela segue com um acompanhamento de rotina a cada três meses e mudou completamente seus hábitos, colocando o cuidado da saúde em primeiro lugar.
“Mudou essa chave depois que eu fiquei doente. Hoje eu vou na academia, treino todos os dias e já mudei a minha alimentação, tenho uma alimentação mais saudável e balanceada. Eu cuido muito de mim, não só da minha saúde física, mas da minha saúde mental e tive meu lado espiritual muito fortalecido. Fiz um fortalecimento de corpo e espírito, eu acho que isso é fundamental”, afirmou.
O tumor não tem uma causa única, mas diversos fatores estão relacionados ao aumento do risco de desenvolver a doença, como obesidade, sedentarismo, além de fatores hormonais. Uma pesquisa realizada pelo INCA apontou que cerca de 13% dos casos de câncer de mama em 2020 no Brasil poderiam ser evitados por hábitos relacionados ao estilo de vida, em especial, da inatividade física.
Além disso, a pesquisa apontou que quase 13% dos gastos federais do SUS em 2018 com o tratamento do câncer de mama (R$102 milhões) seriam poupados pela redução de fatores de risco comportamentais, mais uma vez com atenção especial à atividade física, que detém a maior fração (5%) dos casos de câncer de mama evitáveis pela adoção da prática.
Segundo a nutricionista do INCA, Maria Eduarda Melo, uma alimentação saudável, evitando alimentos ultraprocessados, e se manter fisicamente ativo como parte da rotina são recomendações para prevenção. “Não necessariamente precisa ser alguma atividade física ou algum exercício programado, que você tem que pagar para ter esse movimento. Então a gente pode pensar na atividade física como lazer, como uma caminhada com os amigos”, disse.
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Fonte: Brasil 61
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