As empresas de auditoria contratadas pela campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) para apurar possíveis fraudes nas inserções em rádio de propaganda eleitoral gratuita se manifestaram, em notas, sobre a decisão do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que negou a apuração da denúncia.
A campanha de Bolsonaro protocolou ação no TSE na segunda-feira 24 e no dia seguinte apresentou relatório em que constava que oito emissoras de rádio no Nordeste e Norte do país teriam deixado de veicular 730 inserções de propaganda de Bolsonaro.
A estimativa é que mais de 150 mil inserções não tenham sido veiculadas, o que favoreceria a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já que, conforme a legislação, no segundo turno, o tempo é igual para cada candidato. Um assessor do TSE, que trabalhava no setor que coordena o pool de emissoras, foi exonerado depois que a campanha de Bolsonaro protocolou a ação.
Na nota, a Audiency Brasil, rebatendo a alegação de Moraes sobre o reduzido número de emissoras em que a irregularidade teria ocorrido, afirmou que citou apenas oito rádios no relatório porque “o objetivo foi apresentar de forma mais resumida, o que estava sendo entregue na sequência das páginas anexadas ao processo”, mas que “todas as provas necessárias” foram disponibilizadas.
“Temos uma robusta base de dados. Seria impossível para um ser humano realizar a checagem, em 24 horas, das mais de 5 mil emissoras monitoradas para a campanha”, acrescentou a empresa, na nota. “Procuramos facilitar o processo, citando apenas oito, que foram escolhidas de forma aleatória, permitindo que as partes conseguissem ouvir os áudios e tirar qualquer dúvida sobre a entrega.”
Por fim, a empresa afirma que, por ser um banco de dados, não apenas a campanha de Bolsonaro pode ter acesso, “mas qualquer cliente que queira monitorar sua publicidade”. “Se tocou no rádio, a Audiency mostra onde ela tocou, qual o horário e permite, inclusive, fazer um corte na gravação para comprovar com minutos antes e depois do espaço mencionado”, explicou.
Já a Soundview disse que foi contratada para o monitoramento durante 24 horas por dia de milhares de emissoras de rádio de todo o Brasil. Seu sistema tem capacidade de “gravação e submissão da tecnologia proprietária de reconhecimento de áudio, que consegue, em tempo real, gerar relatórios com datas e horários exatos de inserções em cada emissora de rádio indexada”.
Em sua decisão, Moraes afirmou que o material auditado pela campanha de Jair Bolsonaro foi o das plataformas de streaming, cuja programação não necessariamente é igual à da transmissão convencional. Porém, segundo a Soundview, quando a rádio não disponibiliza a programação na internet, “instalamos um plugin diretamente em um computador da emissora que realiza a transmissão para os nossos servidores”.
A empresa ainda apresentou uma lista de seus clientes, que inclui o Ministério da Saúde, o Banco do Brasil, a Caixa e a Secom, esta última também nos governos de Lula (PT) e Dilma Rousseff (PT). Nas eleições de 2018, a Soundview atendeu à campanha da ex-presidente ao Senado por Minas Gerais.
Fonte - Revista Oeste
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