O grupo que arquitetava ataques contra o senador Sergio Moro (União-PR) tinha acesso a sistemas de monitoramento do Governo de São Paulo. Segundo investigação da Polícia Federal, há “indicativos claros” de que os suspeitos de planejar o sequestro e assassinato de autoridades e políticos, entre eles o ex-juiz de Curitiba, tinham acesso a câmeras de trânsito.
Os dados, no entanto, deveriam ser sigilosos. “O que permite a eles agir com desenvoltura na prática de crimes, pois conseguem identificar veículos das forças de segurança”, diz texto da representação policial, assinada pelo delegado Martin Bottaro Purper, e obtido pela Jovem Pan nesta quinta-feira, 23. No processo, consta trecho de uma conversa por aplicativo de mensagens – monitorada após autorização da Justiça Federal – que mostra um dos integrantes pedindo ajuda ao parceiro para descobrir onde esteve uma viatura não caracterizada da Polícia Civil. “Parceiro precisava saber aonde esse carro andou de sábado até hoje. Consegue dar uma força para mim, vê no Detecta lá”, afirma um dos suspeitos.
Integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) cogitaram uma ação contra Sergio Moro no dia do segundo turno das eleições de 2022. No documento judicial, também obtido pela reportagem, há uma troca de mensagens por aplicativo em que membros da facção criminosa repassam informações pessoais sobre o ex-juiz e sua família. Um dos suspeitos cita um endereço como possível residência do senador e chega a detalhar acessos existentes no local de votação do ex-juiz, assim como a presença de seguranças e rotas de acesso ao local. “Foram observadas anotações manuscritas com dados pessoais do senador Sergio Moro, incluindo endereços, nomes dos familiares, telefone, e-mail da sua filha e informações da declarações de bens”, diz trecho da decisão. “Verificou-se também um relato detalhado de um reconhecimento de local que seria usado para a votação na eleição de 2022. (…) Restando claro que foi cogitada alguma ação contra [Moro] na data do segundo turno”.
Fonte: Jovem Pan
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