O novo coronavírus está se expandindo na América Latina e as medidas dos governos para tentar contê-lo, também.
Até a última sexta-feira (13 de março), o covid-19 havia sido confirmado em 17 países da região, onde foram adotados desde o fechamento de fronteiras até o auto-isolamento obrigatório para viajantes que chegam do exterior.
A BBC News Mundo, o serviço de notícias em espanhol da BBC, detalha abaixo quais medidas foram implementadas por cada um desses países.
A Argentina foi o país que registrou a primeira morte na América Latina e, até este domingo, informa que o número de casos confirmados é de 45.
Levando isso em conta, o governo argentino anunciou que as aulas serão suspensas em todos os níveis educacionais do país pelos próximos 14 dias. Além disso, segundo o jornal "La Nación", as autoridades vão verificar "casa por casa" se os argentinos que viajaram para áreas de risco estão cumprindo o auto-isolamento.
Na última quinta-feira, já havia sido decretada a suspensão de voos por 30 dias da Europa, EUA, Coreia do Sul, Japão, China e Irã. Além disso, todos os eventos com grande aglomeração de pessoas, desde shows até partidas esportivas, passando por reuniões culturais, comerciais e educacionais, foram suspensos.
Também foi concedida uma licença excepcional para que funcionários públicos e do setor privado que retornassem de áreas infectadas com o novo coronavírus se isolassem em casa por 14 dias.
A correspondente da BBC News Mundo em Buenos Aires, Veronica Smink, diz que o presidente argentino, Alberto Fernández, usou a rede nacional pela primeira vez para explicar as medidas anunciadas e suas consequências.
"Fernández disse que as pessoas que chegam de países onde o vírus se espalhou terão que se isolar por 14 dias após seu retorno e alertou que aqueles que violarem o isolamento serão responsabilizados criminalmente", diz Smink.
Na Bolívia, havia dez casos confirmados até a última sexta-feira, embora a mídia noticie várias dezenas de casos "suspeitos".
No dia anterior, o governo declarou emergência nacional e suspendeu as aulas em todos os níveis até 31 de março.
A presidente em exercício, Jeanine Áñez, anunciou a proibição à entrada no país de passageiros vindos da China, Coreia, Itália e Espanha. A suspensão de voos para e da Europa e "grandes eventos públicos" com mais de 1 mil pessoas já havia sido tomada.
"Todas as pessoas que entrarem no território boliviano através de qualquer uma de nossas fronteiras serão controladas rigorosamente, seguindo o protocolo de atendimento médico estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS)", disse Añez em entrevista coletiva.
Além disso, o Ministério do Interior enviará 10 mil policiais para postos de fronteira e aeroportos para impedir a entrada de pessoas com covid-19.
O Ministério da Saúde informou que todas as pessoas que chegam do exterior devem fazer um "juramento sanitário" no qual se comprometem a revelar seu estado de saúde e os países que visitaram.
O Ministério da Saúde aumentou neste sábado, de 98 para 121, o número de casos confirmados.
Alguns Estados já suspenderam aulas e o governo recomendou o cancelamento ou o adiamento de eventos com grande participação de pessoas.
Na noite de sexta-feira, cerca de R$ 5 bilhões em crédito extraordinário foram liberados com esta finalidade via Medida Provisória (MP).
Em entrevista à BBC News Brasil, dirigentes do Ministério da Saúde não descartaram, porém, a adoção de medidas mais duras de isolamento social, cujo objetivo é tentar frear a propagação da doença. Até o momento, a única decisão a nível federal deste tipo é uma portaria publicada na última quarta-feira (11) determinando o isolamento, de preferência em domicílio, das pessoas que tenham suspeitas do coronavírus.
Até este domingo, a Colômbia tinha 24 casos confirmados.
O governo de Iván Duque decretou um estado de emergência sanitária até 30 de março , o que confere ao presidente poderes extraordinários para mitigar a crise.
O presidente ordenou o fechamento da fronteira com a Venezuela a partir de 14 de março, além de decretar a proibição de entrada de estrangeiros da Europa e da Ásia.
Em uma nova medida anunciada no sábado, os exames nacionais de admissão nas faculdades - conhecidos como testes ICFES - serão adiados.
Outras restrições anteriormente tomadas são o desembarque de cruzeiros e o cancelamento ou adiamento de todos os eventos com mais de 500 pessoas, incluindo o festival de música Estéreo Picnic, o torneio de futebol profissional e a Feira do Livro de Bogotá.
A Colômbia é um dos países mais afetados na região pela queda das bolsas internacionais. O presidente anunciou iniciativas para reduzir impostos e conceder empréstimos a empresas de turismo e aviação, especialmente afetadas.
Até este domingo, havia 26 casos confirmados neste na Costa Rica, que está em "alerta amarelo".
O ministro da Saúde, Daniel Salas, e o presidente, Carlos Alvarado, ordenaram na quinta-feira o fechamento preventivo de centros educacionais em risco por pelo menos 14 dias úteis, uma redução de 50% na capacidade dos espaços públicos para reuniões e a suspensão de viagens de funcionários públicos ao exterior".
O Ministério da Saúde Pública de Cuba confirmou quatro casos até agora.
Embora os voos não tenham sido suspensos, Francisco Durán García, diretor nacional de Epidemiologia do Ministério da Saúde Pública, disse que "a vigilância foi aumentada em turistas da China, Itália, Irã, Japão e Coreia do Sul, Estados Unidos, França e Alemanha", segundo o site de notícias Cuba Debate.
O Chile registrou 61 casos do novo coronavírus.
O presidente Sebastián Piñera anunciou que as pessoas que chegam de países com um alto número de casos de covid-19 ficarão em quarentena por 14 dias. Também decretou a proibição de qualquer evento com mais de 500 pessoas.
O Ministério da Educação chileno ordenou na sexta-feira que as aulas sejam suspensas por 14 dias, se um dos alunos for diagnosticado com o novo vírus.
Se dois ou mais alunos ou um professor forem diagnosticados com o novo vírus, as aulas serão, então, suspensas em toda a escola.
Até sexta-feira, o Ministério da Saúde (Minsal) havia posto uma escola de Santiago em quarentena, por causa de um professor infectado com covid-19.
Partidas de futebol também vão acontecer com portões fechados entre 19 de março e 19 de abril, segundo determinação da pasta.
Em fevereiro, o órgão já havia declarado alerta de saúde para se preparar para a epidemia.
Até sábado, o Equador tinha 28 casos confirmados de covid-19. Na quarta-feira, o Ministério da Saúde declarou uma emergência de saúde em todo o território.
Essa medida implica que todos os passageiros que retornam ao país da Espanha, Itália, Irã, França, Coréia do Sul e duas províncias da China (Hubei e Cantão), os locais com os casos mais notificados, fiquem isolados em suas casas por 14 dias.
As autoridades também suspenderam aulas e grandes eventos, o funcionamento de bares e boates e proibiram a saíde do país de álcool em gel, máscaras e sabonetes do país, entre outras medidas.
"As igrejas devem manter seus serviços por meio da televisão, da internet e de outras mídias alternativas; os gerentes ou diretores devem entender que existem pessoas vulneráveis que podem trabalhar em casa", disse o presidente Lenin Moreno na quarta-feira.
"Quem não cumprir as disposições desta emergência será punido", acrescentou.
Nesta sexta-feira, o presidente Nayib Bukele ordenou que a Defesa Civil de El Salvador decretasse alerta vermelho em todo o país, embora nenhum caso do surto tenha sido registrado até agora.
O alerta tem por objetivo deslocar 2 mil soldados para vigiar pontos cegos na fronteira e proibir reuniões de mais de 200 pessoas.
Além disso, Bukele pediu ao presidente da Assembléia Legislativa, Mario Ponce, que a sessão plenária da casa decretasse estado de emergência em todo o país.
Na quarta-feira, Bukele havia declarado quarentena nacional por 21 dias. Durante esse período, serão suspensas aulas, entrada de estrangeiros no país e eventos com grande aglomeração de pessoas, como shows ou partidas esportivas.
Os salvadorenhos e residentes, que podem entrar no país, devem permanecer em quarentena por 30 dias.
A Guatemala registrou seu primeiro caso de covid-19 na sexta-feira, em um paciente guatemalteco que veio da Itália.
Na quinta-feira, a agência de aviação civil do país proibiu a entrada de pessoas da China, Irã, Coréia do Sul, Itália, Espanha, Alemanha e França.
Os guatemaltecos ou residentes do país que estiveram em um desses lugares devem permanecer em quarentena.
Na sexta-feira anterior, o presidente Alejandro Giammattei declarou "estado de calamidade pública" e "alerta máximo" para alocar US$ 30 milhões no combate ao vírus.
Em Honduras, há dois casos confirmados até agora.
O governo anunciou na quinta-feira a restrição de entrada no país para viajantes de países com "alta incidência" de covid-19, como China, Japão, Coréia do Sul, Irã, Itália, França, Alemanha, Espanha e outros.
Os hondurenhos que vêm desses países devem permanecer em quarentena por 14 dias.
Além disso, pediu a seus cidadãos que se abstivessem de viajar e cancelou as aulas nas escolas de todo o país a partir de sexta-feira e por 14 dias, além de suspender eventos públicos.
O Instituto Penitenciário Nacional também suspendeu as visitas às prisões nesta sexta-feira até novo aviso.
Em 10 de fevereiro, o governo hondurenho havia declarado uma emergência devido a dengue e ao coronavírus.
Até este sábado, havia 41 casos confirmados de coronavírus no México.
O Ministério da Educação Pública anunciou a suspensão das aulas por um mês, de 20 de março a 20 de abril.
Os jogos de futebol deste fim de semana serão disputados com portões fechados, informou a Liga Mx.
Além disso, foi determinada uma triagem aleatória de passageiros em voos e cruzeiros internacionais , mas nenhuma restrição de entrada foi emitida para portos e aeroportos.
As pessoas suspeitas de terem sido infectadas terão que se isolar por duas semanas, conforme estabelecido pelos protocolos da OMS.
Até sábado, o Panamá registrou 36 casos confirmados do coronavírus.
O presidente Laurentino Cortizo anunciou nesta quinta-feira a declaração do "estado nacional de emergência" , a fim de "disponibilizar todos os recursos para atender às necessidades da população em termos de saúde, segurança e economia".
Cortizo explicou que a emergência contempla medidas que buscam evitar escassez e aumentos injustificados nos preços de produtos de limpeza e higiene pessoal, além de incentivar as empresas a não reduzir sua força de trabalho nas atuais circunstâncias.
Até sexta-feira, havia seis casos confirmados de covid-19 no Paraguai.
Na terça-feira, o governo suspendeu as aulas e qualquer evento com grande aglomeração de pessoas em todo o país por duas semanas.
Dois dias depois, na quinta-feira, a Direção Nacional de Aeronáutica Civil cancelou todos os voos de e para a Europa entre 14 e 26 de março.
E, por fim, na sexta-feira, o Ministério da Indústria e Comércio fixou os preços para produtos relacionados à prevenção do coronavírus, como álcool em gel, máscaras faciais e luvas.
O governo também aprovou a compra de US$ 80 milhões em insumos e equipamentos médicos, entre outras medidas econômicas.
Até a tarde desta sexta-feira, o Peru havia registrado 38 casos confirmados de coronavírus.
Na quarta-feira, o presidente Martín Vizcarra decretou emergência de saúde e ordenou o isolamento doméstico de todas as pessoas que entram no país da Itália, Espanha, França e China, por um período de 14 dias.
Além disso, o Ministério da Educação adiou o início do ano letivo, previsto para 16 de março, até 30 de março.
O governo também suspendeu a chegada de voos da Europa e Ásia a partir de segunda-feira, 16 de março.
Havia 11 casos confirmados de covid-19 até este sábado na República Dominicana.
O Ministério da Educação determinou a suspensão de aulas em instituições públicas e privadas a partir de segunda-feira (16) e terça-feira (17) para desinfetar os espaços educacionais.
O Uruguai foi um dos últimos países da região a registrar casos confirmados do coronavírus: quatro até sexta-feira.
Após a confirmação, o governo convocou uma reunião de emergência com o Sistema Nacional de Emergência para anunciar medidas contra a pandemia.
A vice-presidente executiva da Venezuela, Delcy Rodríguez, confirmou em 13 de março a detecção dos dois primeiros casos de coronavírus no país.
Nos portos e aeroportos venezuelanos, autoridades monitoram a temperatura dos viajantes há semanas.
E o presidente Nicolás Maduro instruiu que os restaurantes oferecessem apenas comida para viagem, além de solicitar a suspensão de atividades em discotecas e bares.
O presidente já havia anunciado na quinta-feira a suspensão por um mês de voos da Europa e Colômbia. No sábado, Panamá e a República Dominicana foram acrescentados à lista.
Maduro também declarou o sistema de saúde em "emergência permanente" e o Ministério da Saúde da Venezuela publicou uma lista de "hospitais sentinelas".
São 46 centros hospitalares espalhados por todo o país, que, segundo o governo, foram equipados com meios para tratar os pacientes afetados pelo vírus.
G1
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