O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, pediu demissão do cargo em pronunciamento que fez às 11 horas desta sexta-feira.
A decisão de Moro - que ganhou notoriedade como principal juiz da operação Lava Jato - ocorre após a confirmação da demissão do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, pelo presidente Jair Bolsonaro publicada em edição extra do Diário Oficial da União na madrugada desta sexta-feira.
Segundo a fonte, não houve discussão sobre eventual acordo entre Bolsonaro e Moro para a escolha do sucessor de Valeixo à frente da PF --condição imposta pelo ministro da Justiça para ficar no cargo-- o que levou Moro a decidir deixar o governo.
O ministro
Principal juiz da Operação Lava Jato, Moro aceitou deixar uma carreira de 22 anos como juiz federal para comandar o Ministério da Justiça logo após as eleições de 2018, quando Bolsonaro foi eleito em segundo turno.
Tido como um dos principais ministros do governo, Moro teve total autonomia para montar sua equipe e recebeu a promessa, na época, que teria "carta branca" para conduzir a pasta – motivo pelo qual gozava do status de superministro.
"A presença do Sergio Moro no Ministério da Justiça, com todos os meios, inclusive o Coaf, [será] integralmente dele o ministério, não haverá sequer influência minha", declarou, à época, Bolsonaro.
Ao longo do período no comando do ministério, no entanto, o ex-juiz precisou sair diversas saias-justas com o presidente, incluindo a transferência do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) para o Ministério da Economia e a desidratação do Pacote Anticrime, seu principal projeto, aprovado em janeiro depois de sofrer mudanças profundas.
Sobre o Coaf, primeiro Moro perdeu o comando sobre o órgão para o Ministério da Economia, em maio de 2019, após o Congresso alterar a Medida Provisória que reorganizava pastas do governo – episódio marcado pela falta de articulação política do Palácio do Planalto.
Foto: Adriano Machado - 4.dez.2019/ Reuters
Depois, em agosto, Bolsonaro transferiu o órgão para o Banco Central sob a justificativa de tirá-lo do "jogo político". A iniciativa, no entanto, foi tomada em meio a suspeitas sobre o senador Flávio Bolsonaro (sem partido) apontadas pelo órgão.
Já o Pacote Anticrime, anunciado como principal iniciativa de Moro à frente da pasta, só foi aprovado pelo Congresso após perder alguns de seus principais pontos – como a mudança nos critérios do “excludente de ilicitude".
Outros itens derrubados foram a prisão em segunda instância e o chamado "plea bargain", acordo judicial importado dos Estados Unidos, em que a confissão dos crimes pode reduzir a pena do réu.
Além disso, também foi aprovada junto com o pacote a criação do juiz das garantias, que divide o processo penal entre dois magistrados – iniciativa criticada por Moro e sancionada por Bolsonaro.
Terra.com.br e CNN Brasil
Foto - Reuters
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