Umas das maiores contradições do Brasil é ter ao mesmo tempo uma agricultura especulativa, ou seja, o agronegócio fortalecido, cobrindo seus próprios recordes e em contraposição uma boa parte da sua população abaixo da linha de pobreza, na miséria, e passando fome.
Desde de sempre, o Brasil é grande produtor e exportador de alimentos, e de acordo com o Ministério de agricultura, pecuária e abastecimento (MAPA) em setembro de 2021 o volume de exportação foi de 10 bilhões. Dentre os itens exportados destaca-se a soja e as carnes (bovina, suína, frango), açúcar, petróleo, milho, café, frutas frescas ou secas, dentre outros.
De acordo com o centro de Pesquisa Agro global, estima que as exportações devem alcançar 120 bilhões de dólares no ano de 2021, representando 20% a mais que em 2020.
Em contra partida, segundo dados da Rede Penssan, a fome atinge 19,1 milhões de brasileiros, correspondendo a 9% da população. Em relação a insegurança alimentar, que é a dificuldade de adquirir alimentos, atinge mais de metade da população brasileira, correspondendo a 213,6 milhões, com destaque para o Nordeste, onde os níveis de insegurança alimentar atinge 7,7 milhões.
As principais causas relacionam-se ao foco do agronegócio especulativo, direcionado para o comercio exterior, ou seja, para exportação, deixando o mercado interno, pouco abastecido, causando aumento nos preços dos alimentos, dificultando ainda mais o processo de insegurança alimentar. Evidencia-se ainda a pouca atenção para a agricultura familiar, que se fosse mais estimulada, poderia suprir o abastecimento do mercado interno. O desabastecimento contribui da mesma forma, para provocar a escassez dos produtos e o consequente aumento dos preços.
Concluímos, o problema desta aparente contradição não está na produção, mas, na esfera da distribuição, devido a concentração de recursos produtivos, produção e venda dos produtos para a exportação, enriquecendo os grandes produtores, além de não gerar empregos, em virtude da priorização da tecnificação e modernização da agropecuária especulativa.
Por Roberta Trindade
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