A Faixa de Gaza sofreu, neste domingo (8), o dia mais mortal em 15 anos após resposta de Israel ao ataque sem precedentes do Hamas contra o país no sábado (7). Quase 300 palestinos foram mortos em 24 horas, de acordo com autoridades palestinas.
Entre os mortos estão gêmeos de três meses de idade, que morreram com a mãe e três irmãs em um ataque aéreo em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, segundo membros da família.
Pelo menos 10 pessoas foram mortas nesse ataque, que destruiu quatro casas. As equipes de resgate ainda tentam encontrar sobreviventes nos escombros neste domingo.
O principal porta-voz militar de Israel chamou o ataque dos combatentes do Hamas, que mataram pelo menos 700 israelenses e sequestraram dezenas de pessoas, de “o pior massacre de civis inocentes na história de Israel” e a resposta tem sido igualmente dura.
O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, relatou 370 palestinos mortos até o momento e outros 2.200 feridos, com quase 300 mortos no sábado, o maior número de palestinos mortos em Gaza por ataques israelenses em um único dia desde 2008.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu exercer uma “poderosa vingança por esse dia perverso”.
Em Gaza, Sabreen Abu Daqqa, que foi retirada dos escombros das casas atingidas em Khan Younis, acordou no hospital e soube que três de seus filhos foram mortos, dois deles ficaram feridos e o destino de um sexto não estava claro.
“Tudo desabou em cima de nós. Meus filhos estavam ao meu redor”, disse ela, com a voz fraca ao falar do hospital. Ela chamou por seus filhos debaixo dos escombros, mas não obteve resposta. “Eles começaram a remover os escombros de mim pouco a pouco. Levou três horas”, disse ela.
Os ataques aéreos israelenses em Gaza começaram logo após o ataque do Hamas e continuaram durante a noite e o domingo, destruindo os escritórios e os campos de treinamento do grupo, além de casas e outros edifícios.
Abu Daqqa e os moradores de três outras casas destruídas nos ataques aéreos disseram que não receberam nenhum aviso prévio de Israel, afirmando que isso era diferente das rodadas anteriores de bombardeio, durante as quais as forças de segurança israelenses ligaram para os moradores ordenando retirada antes de um ataque.
Os militares israelenses, que regularmente acusam o Hamas de operar deliberadamente em edifícios residenciais e outros edifícios civis, não quiseram comentar.
O exército israelense afirmou que seus caças destruíram 800 alvos militantes até o momento na Faixa de Gaza. Salama Marouf, chefe do escritório de mídia do governo do Hamas, rejeitou essa informação como um “disfarce para justificar a agressão da ocupação contra pessoas e propriedades civis”.
Na cidade de Rafah, próxima à fronteira com o Egito, um ataque aéreo israelense matou 12 membros da família Abu Qouta, segundo parentes. Acredita-se que outros sete membros da família estejam sob os escombros, acrescentaram.
Lar de cerca de 2 milhões de pessoas, a Faixa de Gaza é administrada pelo Hamas desde que assumiu o controle do território em 2007. A economia do território tem sido sufocada por um bloqueio imposto por Israel com a ajuda do Egito.
Quando os ataques aéreos começaram no sábado, milhares de palestinos que viviam perto da fronteira com Israel fugiram de suas casas.
A UNRWA, a agência da ONU que fornece serviços essenciais aos palestinos, disse que pelo menos 20 mil palestinos estavam se abrigando em 44 das escolas que opera na Faixa de Gaza.
Em um comunicado, a UNRWA disse que dois meninos, ambos estudantes de escolas administradas pela ONU em Khan Younis e Beit Hanoun, foram confirmados como estando entre os mortos. Três escolas da UNRWA sofreram “danos colaterais” causados por ataques aéreos israelenses, acrescentou.
Eid Al-Attar, um professor, correu para uma escola da UNRWA com seus cinco filhos e seu irmão em cadeira de rodas quando os ataques aéreos israelenses atingiram áreas perto de suas casas na cidade de Beit Lahiya, no norte da Faixa de Gaza. “Passamos por cinco guerras desde 2008, e cada uma foi mais dura e mais difícil do que a outra”, disse ele.
Ashraf Al-Qidra, porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, disse que os hospitais estão sobrecarregados e dependem de geradores para eletricidade depois que Israel cortou no sábado fornecimento de energia à Faixa de Gaza.
Fonte: CNN Brasil
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