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Senado aprova projeto de lei que acaba com ‘saidinha’ para presos em feriados

Proposta também prevê a exigência de exames criminológicos para progressão de regime penal e o monitoramento eletrônico obrigatório dos detentos; texto volta para a Câmara por ter sido alterado

20/02/2024 às 23h25
Por: PATOS ONLINE Fonte: Fonte - Por Levy Teles / O Estadão
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 Senado Federal aprovou, por 62 votos favoráveis, dois votos contra e uma abstenção, um projeto de lei que proíbe a “saidinha”, benefício que permite a saída temporária de presos em datas comemorativas. A matéria agora voltará para a Câmara dos Deputados, que terá que apreciar as emendas feitas ao texto antes de ele ser encaminhado para sanção ou veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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Na atual regra, a autorização é dada aos detentos que tenham cumprido ao menos um sexto da pena, no caso de primeira condenação, e um quarto, quando reincidentes. As “saidinhas” ocorrem até cinco vezes por ano e não podem ultrapassar o período de sete dias.

A legislação em vigor ainda permite que presos de bom comportamento em regime semiaberto deixem a prisão para estudar, realizar funções do trabalho e visitar familiares durante feriados. Na Câmara, a proposição original, de autoria do deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), apenas criava limites para saída, Mas o relator da proposição naquela Casa, Guilherme Derrite, alterou o texto para abolir completamente o benefício. Derrite é o atual Secretário de Segurança do Estado de São Paulo.

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No Senado, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) fez ajustes no projeto. Primeiro atendeu emenda do senador Sérgio Moro (PL-PR). O ex-juiz apresentou uma emenda para permitir o benefício aos presos que frequentarem cursos supletivos profissionalizantes, ensino médio ou superior. Flávio Bolsonaro estabeleceu ainda que presos por qualquer crime cometido com violência ou grave ameaça não tem direito à “saidinha”.

Uma das principais discussões ocorreu em torno de um destaque do senador Fabiano Contarato (ES), líder do PT na Câmara. Ele pede para que presos por crimes hediondos e inafiançáveis, como tortura, tráfico de entorpecentes, terrorismo, lei de segurança nacional, crimes hediondos e racismo também sejam alvo da restrição das “saidinhas”.

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Argumentando que os golpistas detidos pelos ataques aos Três Poderes no 8 de Janeiro, seriam atingidos, o relator, Flávio Bolsonaro, foi contrário. “Peço às senhoras e aos senhores senadores, não vamos trazer essa discussão do 8 de Janeiro, que é o que esse destaque quer. A sociedade espera de nós seriedade”, afirma.

Contarato rebateu que a lei não retroagiria para afetar o réu, e, portanto, não afetaria os presos do 8 de Janeiro. “Essa vedação aqui não vai atingir o dia 8, podem ficar tranquilos. É só daqui para frente”, afirmou o senador.

A proposta também prevê a exigência de exames criminológicos para a progressão de regime penal e o monitoramento eletrônico obrigatório dos detentos que passam para os regimes semiaberto e aberto. O exame avalia “autodisciplina, baixa periculosidade e senso de responsabilidade”.

Oposicionistas foram os que mais falaram no plenário do Senado. “As saidinhas no feriado têm que acabar, gerando tantos problemas para os indivíduos e para a sociedade”, afirmou Moro.

“Nós vamos manter esses criminosos longe da sociedade”, disse Ciro Nogueira (PI), líder do PP na Casa. Ele parabenizou Derrite pelo trabalho na Câmara. O secretário de Segurança Pública de São Paulo acompanhou a votação com outros deputados da bancada da bala, como Sargento Fahur (PSD-PR).

Contarato foi o único senador petista a comentar o tema. Ele liberou a bancada, pediu desculpa aos colegas do partido que eram contrários à proposta, mas reforçou seu posicionamento favorável ao projeto e disse apoiar pessoalmente o texto do relator, Flávio Bolsonaro.

O PT, o governo e a bancada feminina foram os únicos partidos que não orientaram voto favorável ao projeto e liberaram suas bancadas para votação.

“Não tem muito sentido fazer uma orientação que vai fazer contraposição a partidos da nossa base”, disse Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado. “A única coisa que me sobra é liberar a bancada do governo. Não gosto da ideia de liberar, mas também não vou confrontar com todos os líderes que já encaminharam.”

Omar Aziz (PSD-AM) fez um apelo para que Lula não vete a proposição. “Vai ficar um negócio muito estranho”, afirma. Em resposta, Wagner disse que não há orientação para veto do presidente.

Depois de o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), discursar na sessão de reabertura do Congresso Nacional, no começo deste mês, e indicar a pauta da segurança pública como uma das prioridades da Casa, a proposta avançou com celeridade.

Logo no dia 6, em acordo com o governo, a oposição garantiu a aprovação do projeto em votação simbólica, na Comissão de Segurança Pública.

A matéria então foi para votação em regime de urgência, no plenário do Senado, escapando a votação na Comissão de Constituição e Justiça, agora sim com protesto de governistas.

Senadores como Paulo Paim (PT-RS), Jorge Kajuru (PSB-GO), Zenaide Maia (PSD-RN) e Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) chegaram a votar contra o requerimento de urgência para que a CCJ pudesse analisar.

Como funciona a ‘saidinha’ hoje

A legislação em vigor estabelece que os presos que estão em regime semiaberto podem ser autorizados saídas temporárias sem acompanhamento ou vigilância.

Pela lei, a ‘saidinha” permite que o preso possa visitar a família; frequentar curso; participar de atividades que estimulem “o retorno ao convívio social”.

A legislação impede que o benefício seja concedido a condenados crime hediondo que tenha resultado na morte da vítima.

Como vai ficar

O projeto aprovado no Senado acaba com o benefício da “saidinha” para todos os crimes cometidos com violência ou grave ameaça. O texto mantém também a vedação para os condenados por crime hediondo com morte da vítima.

A proposta também autoriza o preso sair para fazer curso supletivo.

Fonte - Por Levy Teles / O Estadão

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