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Mundo POSSÍVEL FARSA

Mundo chama de "farsa" vitória de Maduro na Venezuela, Brasil vai na contramão e silencia sobre o caso

Sob acusação de atrasar a divulgação dos resultados para mascarar uma derrota, chavismo divulga resultado sem auditoria; oposição contesta e declara vitória de Edmundo González Urrutia

29/07/2024 às 09h24 Atualizada em 29/07/2024 às 22h29
Por: Marcos Oliveira Fonte: O Estadão
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Foto: Fernando Vergara/AP
Foto: Fernando Vergara/AP

Controlado por autoridades chavistas, o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela declarou o ditador Nicolás Maduro o vencedor das eleições presidenciais deste domingo, 28, após uma apuração lenta e sob acusação de irregularidades por parte da oposição. Líderes da oposição, porém, rejeitaram o resultado e declararam Edmundo González Urrutia vencedor com 70% dos votos.

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A votação ainda não foi certificada por observadores do Centro Carter, nem da ONU, e as horas que se seguiram ao fechamento das urnas foram acompanhadas por pressão diplomática de países sul-americanos e europeus, além dos Estados Unidos para que os resultados sejam auditados.

O pleito, contudo, foi marcado por constantes mudanças de regras e movimentações fraudulentas por parte do chavismo nas semanas que antecederam. Também houve problema durante o processo de totalização e apuração dos votos, quando a oposição acusou o CNE de paralisar a transmissão dos resultados.

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A oposição denunciou não ter tido acesso a 70% das atas eleitorais que poderiam comprovar os resultados e acusou Maduro de fraudar a votação.

Brasil vai na contramão de países vizinhos e silencia sobre suspeitas em eleição na Venezuela

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Em meio a crise pós-eleitoral que se avizinha na Venezuela, com a ditadura de Nicolás Maduro declarando vitória nas eleições presidenciais do domingo, 29, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi na contramão dos demais países sul-americanos e até o início da madrugada desta segunda-feira, 29, não se posicionou sobre a controvertida declaração do líder chavista como vencedor da disputa.

Desde o fechamento das urnas, há indícios de fraude eleitoral no país vizinho. A oposição diz não ter tido acesso a 70% das atas eleitorais do país. As sessões ficaram abertas até depois do horário em áreas predominantemente chavistas e, em áreas opositoras, houve relatos de intimidação e criação de empecilhos para votar.

Enviado a Caracas para ser os ‘olhos de Lula’ na votação, o assessor de assuntos internacionais do Planalto, Celso Amorim, divulgou no começo da noite uma nota na qual afirmou que ia aguardar o posicionamento dos observadores internacionais autorizados pelo chavismo a operar na Venezuela e disse que os dois lados deveriam respeitar o resultado da eleição. Além disso, Amorim disse também que era necessário esperar o fim da votação, já que ainda havia sessões abertas.

A posição do governo é praticamente única na região. Dos vizinhos sul-americanos, apenas a Bolívia, a Guiana e o Suriname não demonstraram preocupação com a demora na apuração e as suspeitas em torno da votação. Até governos de esquerda como o de Gabriel Boric no Chile, e o de Gustavo Petro na Colômbia, fizeram cobranças mais duras que as do Brasil contra Maduro.

Com a volta do PT ao governo em 2023, as relações entre Brasil e Venezuela foram retomadas. Nos anos de Jair Bolsonaro, o Itamaraty de Ernesto Araújo reconhecera o governo de Juan Guaidó como representante legítimo da Venezuela e rompeu completamente relações com o chavismo.

Sob Mauro Vieira e Celso Amorim, a diplomacia brasileira trabalhou para reconstruir pontes com Maduro e reestabelecer relações bilaterais, com o argumento de que empresas brasileiras tinham dívidas de cerca de US$ 1,27 bilhão com a ditadura chavista. O Brasil enviou a Caracas a embaixadora Glivânia Maria de Oliveira e recebeu em Brasília o embaixador Manuel Vadell.

Nos primeiros meses de governo, Lula também emprestou apoio diplomático e político a Maduro, a quem recebeu com honras de chefe de Estado no Planalto em maio do ano passado, durante uma reunião com chefes de Estado sul-americanos para relançar a União de Nações Sul-Americanas (Unasul). O respaldo foi mal visto por outros presidentes da região, principalmente o chileno Gabriel Boric, de centro-esquerda, e o uruguaio Luis Lacalle Pou, de centro-direita, que reclamaram publicamente da reabilitação dada pelo petista ao líder chavista.

Ainda em 2023, o Brasil, ao lado de Colômbia, dos Estados Unidos e da União Europeia patrocinou um acordo entre a oposição e o chavismo para a realização de eleições justas e livres na Venezuela em troca da retirada de sanções. Os chamados acordos de Barbados foram progressivamente colocados em xeque por Maduro, que proibiu a líder da oposição María Corina Machado de disputar a eleição e criou dificuldades para a inscrição de outros nomes na disputa, além de tornar praticamente impossível para que eleitores de fora da Venezuela - a maioria opositora - votassem.

No fim do ano passado, em busca de um subterfúgio para mobilizar sua base eleitoral de olho na eleição, o ditador chavista organizou um plebiscito para anexar uma parte da Guiana reivindicada pela Venezuela. As ameaças envolveram também um aumento da tensão militar na reunião, já que Maduro ameaçou uma mobilização de tropas.

A diplomacia brasileira mais uma vez evitou condenar de forma assertiva a agressão chavista. Após semanas de tensão, com intermediação de Lula e do presidente venezuelano Gustavo Petro, a Venezuela e a Guiana se comprometeram em uma cúpula no Caribe a resolver a disputa sem violência.

De modo geral, o Brasil evitou criticar os abusos de Maduro até praticamente março deste ano, quando o Itamaraty divulgou uma nota condenando a proibição da inscrição de Corina Yoris para substituir Maria Corina.

Desde então, Maduro passou a ver Lula e o governo com suspeita. Nos últimos dias, ironizou o petista, dizendo que ele devia “tomar chá de camomila” para se acalmar após o ditador alertar para um banho de sangue no caso de perder a eleição. O chavista também criticou o sistema eleitoral brasileiro, o que fez com que o Tribunal Superior Eleitoral suspendesse o envio de uma missão ao país.

Fonte - Estadão 

 

 

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