A Polícia Federal (PF) revelou, em relatório recente, que um esquema de fraude envolvendo a inclusão indevida de descontos associativos em benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) teve impacto direto e significativo na fila de espera por atendimento da autarquia. O documento afirma que a prática fraudulenta comprometeu a capacidade operacional do INSS, contribuindo para o crescimento da fila, que voltou a aumentar em 2024.
Segundo a investigação, entre janeiro de 2023 e maio de 2024, o INSS recebeu 1.907.184 requerimentos relacionados exclusivamente à exclusão ou bloqueio de mensalidades associativas ou sindicais nos benefícios. Desse total, 1.163.455 eram pedidos para excluir mensalidades (código 3854), enquanto 743.729 eram para bloquear ou desbloquear os descontos (código 16315). Esses serviços, que fazem parte da fila da Central de Análise de Benefícios por Manutenção (CEAB-MAN), representaram cerca de 16,6% de todos os requerimentos analisados no período.
A PF destaca que o impacto na força de trabalho foi expressivo. Apenas os pedidos de exclusão de mensalidade (serviço 3854) consumiram o equivalente a 392 mil horas de trabalho, ou seja, cerca de 49 mil dias de serviço de um servidor em jornada de oito horas. O relatório reforça que mais de 90% desses requerimentos foram feitos por beneficiários que negaram ter consentido com o desconto, evidenciando a dimensão da fraude.
Ainda conforme a PF, 1.056.290 requerimentos poderiam ter sido evitados caso o consentimento dos beneficiários tivesse sido devidamente coletado pelas entidades associativas e respeitado pelo INSS. “Os atendimentos decorrentes dos descontos associativos indevidos representaram parcela significativa na demanda do INSS e, portanto, impactaram (e em efeito cascata, ainda afetam) negativamente a fila do INSS”, conclui o documento.
Diante da situação, o governo federal editou no início de abril uma medida provisória para retomar o pagamento de bônus a peritos do INSS, como forma de acelerar a análise dos requerimentos e reduzir o tempo de espera dos segurados.
A fraude no sistema, além de prejudicar diretamente os beneficiários com descontos indevidos, comprometeu a agilidade no atendimento de milhões de brasileiros que aguardam pela concessão ou revisão de benefícios essenciais. A investigação segue em andamento.
Por Patos Online
Com informações da CNN Brasil
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