Depois da saída de dezenas de ministros e de uma grande crise causada por um escândalo sexual em seu governo, Boris Johnson renunciou ao cargo de primeiro-ministro do Reino Unido. A renúncia foi confirmada na manhã desta quinta-feira, 7, quando Johnson fez um pronunciamento à imprensa britânica. Ele ficará no cargo até que um novo primeiro-ministro seja definido pelo Partido Conservador, que indicará um substituto que deverá ser aprovado pela Rainha Elizabeth. “É claramente a vontade do partido conservador que deve haver um novo líder de partido, e, portanto, um novo Primeiro-Ministro”, disse o premiê no começo de seu pronunciamento. Durante seu discurso, Johnson afirmou que estava “triste em deixar o melhor trabalho do mundo”. Na terça-feira, 5, um ex-funcionário do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido acusou a equipe de Johnson de mentir sobre um funcionário do Partido Conservador com histórico de acusações de abuso. Segundo esse ex-funcionário, Johnson sabia das acusações, mas decidiu manter a nomeação de Chris Pincher ao cargo. A repercussão foi rápida e mais de 40 membros de seu gabinete e ministros renunciaram aos cargos nos últimos dias.
Na quarta-feira, 6, Johnson havia dito que não iria renunciar ao cargo, mesmo diante da crise. “Eu realmente não acho que ninguém neste país queira que os políticos se dediquem a uma campanha eleitoral agora”, disse Johnson a um grupo composto por presidentes de diferentes comissões parlamentares. “O trabalho de um primeiro-ministro em circunstâncias difíceis, quando você recebeu um mandato colossal, é continuar e é isto que vou fazer”. Até aquele momento, haviam sido oficializadas 39 demissões de ministros e funcionários do alto escalão. Nos últimos meses, Johnson recebeu destaque no cenário internacional por ser uma das principais vozes do Ocidente contra o presidente da Rússia, Vladimir Putin, no âmbito da guerra na Ucrânia, uma vez que o Reino Unido não possui tantas amarras econômicas e energéticas como outras potências europeias.
Johnson foi escolhido para ocupar o cargo de primeiro-ministro em julho de 2019 e sucedeu Theresa May. Nos quase três anos no cargo, Johnson ficou marcado por algumas polêmicas. A maior aconteceu durante a pandemia de Covid-19, quando membros do Partido Conservador e o próprio primeiro-ministro foram flagrados em festas e eventos sociais enquanto as medidas de distanciamento social e de circulação estavam em vigor. O caso ficou conhecido como “Partygate”. Como consequência desta polêmica, o Partido Conservador realizou uma moção de desconfiança para retirá-lo do poder. Dos 359 parlamentares do partido, 211 votaram pela sua permanência, permitindo que Johnson seguisse no cargo. Entretanto, ele não poderia passar por outra moção nos 12 meses seguintes.
Fonte: Jovem Pan
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