O projeto de lei (PL) aprovado na Câmara dos Deputados que torna crime uma forma de discriminação contra “pessoas politicamente expostas” é “corporativista” e dificilmente avançará no Senado Federal, avaliam especialistas ouvidos pela CNN.
O PL 2720/23 foi aprovado pelos deputados na noite da quarta-feira (14) com placar de 252 votos favoráveis a 163 contrários.
A proposta da deputada federal Danielle Cunha (União Brasil-RJ), filha do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, cassado em 2016, previa inicialmente tipificar como crime “injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou decoro” em razão da condição da pessoa “politicamente exposta”.
No entanto, na versão final do texto votado, o projeto se limita a criminalizar a recusa à “celebração ou a manutenção de contrato de abertura de conta corrente, concessão de crédito ou de outro serviço” por parte de instituições financeiras.
A regra valeria para políticos e ex-políticos, além de familiares de até segundo grau e colaboradores estreitos (como cônjuges, por exemplo), e a pena é de reclusão de dois a quatro anos e multa.
Para o cientista político Cristiano Noronha, da Arko Advice, chama a atenção como o projeto, apesar de ter um apoio expressivo na Câmara, com 252 votos favoráveis, teve uma repercussão extremamente negativa após a votação.
“Muitos parlamentares se sentiram constrangidos em comentar a votação desse projeto. A sinalização do Senado é de que muito provavelmente eles não vão apreciar esse projeto”, disse o especialista à CNN.
Ele avalia que o Senado não deve dar andamento ao trâmite de votação do PL. “Deve deixar lá absolutamente parado, com a perspectiva de avanço muito baixa”, acrescentou Noronha.
O cientista político também chamou a atenção para a maneira como o projeto recebeu apoio de muitos partidos ligados ao Centrão, além de quantidades expressivas de votos favoráveis de partidos ideologicamente distintos, como o PT e o PL.
“O PT foi o partido, por exemplo, que deu o maior número de votos, com 43. O PL foi o segundo, com 37 votos. E depois tem União Brasil, Republicanos, MDB, partidos basicamente ligados ao Centrão”, elencou.
A professora Graziella Guiotti Testa, da Escola de Políticas Públicas e Governo da Fundação Getúlio Vargas (EPPG-FGV), avaliou o PL 2720/23 como “muito corporativista” e disse que ele contribui para que as pessoas tenham uma visão negativa da política.
Ela valorizou que o “ponto mais complicado do projeto”, que tratava sobre injúria, foi retirado. “Isso era muito mais complicado porque é evidente que aquele que é eleito deve mais satisfação e deve mais transparência pública aos seus eleitores”, disse à CNN.
“De toda forma, a gente vê o Congresso com esse comportamento corporativista e patrimonialista, que é uma forma de você reforçar essa ideia de ‘estamento político’ – de uma classe que é diferente e descolada da sociedade”, acrescentou.
A professora vê que projetos como esse resultam “em uma visão muito negativa da política” e que o “Legislativo precisava se esforçar mais por criar legitimidade e fortalecer a instituição”.
Graziella ainda destacou como o projeto incluiu magistrados na categoria “pessoa politicamente exposta” protegida pelo texto.
“Parece muito claro que esse ponto de colocar os magistrados juntos é uma tentativa de evitar a judicialização do tema. Existiria um forte risco de se judicializar e não seria possível legislar dessa maneira. Mas você junta corporativismo com corporativismo e torna a coisa mais fácil de acontecer, o que acho mais complicado ainda”, concluiu.
CNN Brasil
TURISMO Cacimba de Areia recebe o certificado e agora faz parte do Mapa do Turismo Brasileiro
Agenda Vereador Junior Contigo participa da inauguração do CEI Alzira Morais da Nóbrega em Patos
Polêmica Deputado Eduardo Carneiro propõe revogação de lei que libera entrada de alimentos e bebidas em cina, parques e eventos na Paraíba
INSS PF prende ex-presidente do INSS e faz buscas contra deputado e ex-ministro
Operação da PF INSS: ex-ministro de Bolsonaro é alvo da PF e usará tornozeleira
Invasão Manifestantes invadem a COP30 e entram em confronto com seguranças
Entrada liberada Lei proíbe cinemas, teatros, estádios, arenas de shows e parques da Paraíba de barrar entrada de consumidores com alimentos comprados fora
Feminicídio Francisca Motta repudia caso brutal de feminicídio em Patos e cobra mais proteção às mulheres paraibanas
Problemas internos Sargento Neto faz críticas a volta de Nilvan Ferreira ao PL Mín. 22° Máx. 36°