Logo após deixar a sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, onde prestou depoimento na tarde desta quarta-feira (12), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou que compareceu a uma reunião com o senador Marcos do Val e Daniel Silveira em 8 de dezembro do ano passado. Afirmou, no entanto, que “nada foi tratado”, negando terem discutido um plano golpista. “Ele que responda pelos atos dele”, disse Bolsonaro sobre Marcos do Val.
Segundo o ex-presidente, a reunião com Do Val e Silveira durou cerca de 20 minutos, no Palácio do Alvorada. Ele disse que nunca foi próximo do senador Marcos do Val.
Fabio Wajngarten, advogado e assessor de Bolsonaro, ressaltou em entrevista coletiva, ao lado do ex-presidente, que “nome do ministro Alexandre de Moraes jamais foi citado, muito menos qualquer tentativa de gravação junto ao ministro Alexandre de Moraes”, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O ex-presidente também pontuou que, à época que foi realizada a reunião, havia a possibilidade de senadores mudarem de partido, “e nada mais além disso”.
Bolsonaro chegou ao prédio da PF por volta de 13h40, o depoimento estava agendado para começar às 14h.
A CNN procurou Marcos do Val e aguarda retorno.
Em fevereiro, Marcos do Val disse que foi coagido por Bolsonaro e pelo ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) “a participar de um golpe”.
O senador contou, à época, que a proposta era gravar uma conversa dele com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, que seria instigado por ele a admitir que estava extrapolando os limites constitucionais.
Com tal gravação em mãos, segundo Do Val, aliados do ex-presidente solicitariam a prisão de Moraes e a anulação da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Assim que o caso veio à tona, o magistrado determinou abertura de inquérito.
Marcos do Val mudou a versão da história nos dias seguintes e tentou minimizar o suposto envolvimento de Bolsonaro no episódio, alegando, inclusive, que se enganou ao dizer que havia sido coagido.
No mês passado, por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), policiais federais cumpriram mandados de busca e apreensão em três endereços de Do Val. Documentos, pen drives e equipamentos eletrônicos foram apreendidos para perícia.
Titular na CPMI do 8 de janeiro, Do Val pediu licença de sua vaga. Segundo o advogado dele, à CNN, o parlamentar continua afastado “se cuidando”.
Perguntado sobre demais investigações que o levaram a prestar depoimento à Polícia Federal outras vezes, Jair Bolsonaro disse que “se eu não tivesse nenhum capital político, não estariam fazendo isso contra mim”.
“Muitos outros [depoimentos] terão. Fazer uma busca e apreensão na minha casa contra a orientação do Ministério Público atrás de cartão de vacina, no meu entender, é um ato de esculacho”, avaliou.
Sobre a relação com o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, Bolsonaro destacou que o tratamento adotado com o tenente-coronel sempre foi “respeitoso” e que ele o serviu muito bem.
Além disso, observou que teve quatro ajudantes de ordem, indicados pelas Forças Armadas. “Se fosse um outro capitão qualquer, major, tenente-coronel, eu aceitaria”, ponderou.
Fonte: Tiago Tortella/CNN Brasil
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