Do total de 513 integrantes, a Câmara Federal terá, a partir do ano que vem, uma bancada formada por pelo menos 80 deputados filhos ou parentes de políticos. Entre eles, o mais jovem do país. Com apenas 21anos. Hugo Mota, do PMDB, é neto de um ex-deputado federal e de uma deputada estadual. O pai é prefeito no Sertão da Paraíba.
"Essa tradição política foi a base de sustentação para que partíssemos para esse horizonte de deputado federal”, fala Hugo.
Ana Arraes, a deputada eleita com a maior votação de Pernambuco para a Câmara Federal é outro bom exemplo de que os laços de família ajudam a multiplicar votos: foram quase 400 mil.
Ana é filha de Miguel Arraes, que morreu há cinco anos e foi prefeito do Recife, deputado estadual, federal e governador. E a tradição na política não passou apenas de pai pra filha. A deputada é mãe de Eduardo Campos, o governador que acaba de ser reeleito.
"Tive um pai que fez história em Pernambuco, ele foi três vezes governador, é amado ainda pelo seu povo, e agora tenho um filho governador”, diz Ana Arraes.
Nas bancadas estaduais, parentesco também conta. Só em Pernambuco, 15 deputados eleitos são parentes de políticos.
A casa de Joaquim Nabuco, como é conhecida a Assembleia Legislativa pernambucana, tem 49 deputados. Os políticos que receberam essa "herança de família" fazem parte de uma bancada com representantes de vários partidos: é a chamada "bancada do DNA".
Betinho Gomes, do PSDB, está de volta à assembleia. O pai é ex-deputado. Para ele, o parentesco gera um compromisso ainda maior.
“Ser filho de um político tradicional não é critério pra gente entrar na política. É preciso ter talento, ter compromisso e ter vontade de construir uma vida melhor”, afirma Betinho Gomes.
Mas para psicóloga e orientadora vocacional, Gisele Diniz diz que nem sempre o sucesso profissional do pai significa que o filho seja bem sucedido. E isso vale também na política.
“Essa máxima de filho de peixe, peixinho é ou tal pai, tal filho ela não vai funcionar. Porque nós sabemos que nós podemos ter semelhanças com os nossos pais, com os nossos parentes. Mas nós não somos iguais”, diz a psicóloga.
Jornal da Globo
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