Os delatores da Odebrecht revelaram aos investigadores da Operação Lava-Jato que o próprio ex-presidente Lula discutia com os executivos da empresa os termos da divisão da propina que deveria ser paga em contratos bilionários de navios-sonda da Sete Brasil.
Segundo o executivo Márcio Faria, quando o consórcio formado por Odebrecht, OAS e UTC venceu a licitação para fornecer sondas de extração de petróleo na camada pré-sal, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco procurou as empreiteiras para exigir que elas realizassem o pagamento de 1% do valor dos contratos firmados na ocasião.
Depois de receberem o alerta, os executivos da empreiteira contam que a divisão da propina foi “decidida pelo partido e pelo ex-presidente Lula”. Na versão dos delatores, um terço dos valores deveria ficar com fucionários da Petrobras que realizavam as operações e acobertavam as fraudes nos contratos. Já os dois terços restantes seguiriam para o PT. Embora o ex-presidente Lula tenha sido consultado sobre os valores da propina, os delatores revelam que Marcelo Odebrecht vetou o pagamento.
“Marcelo Odebrecht esclareceu que a negativa de pagamento deveu-se a compreensão de que os valores solicitados por Antonio Palocci e João Vaccari já estariam no valor global acertado com o ex-ministro de Estado”, anotou o ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, na decisão em que remeteu as provas e os depoimentos aos procuradores da Lava-Jato no Paraná. Como não tem mais foro, o ex-presidente Lula está sendo julgado pelo juiz Sergio Moro, em Curitiba.
Por Rodrigo Rangel, Daniel Pereira, Robson Bonin, Laryssa Borges, Marcela Mattos, Felipe Frazão, Hugo Marques, Thiago Bronzatto (VejaOnline)
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