A campanha do ex-presidente Lula recebeu US$ 50 milhões. A campanha de Dilma Rousseff também teria sido beneficiada, com o valor de US$ 30 milhões. As informações estão contidas nas delações dos empresários do frigorífico JBS e foram reveladas no início da tarde desta sexta-feira. Os depoimentos também comprometem o senador José Serra e pioram a situação do presidente Michel Temer.
O delator informou que em 2009 destinou uma conta a Lula e no ano seguinte, outra para Dilma.
Joesley revelou que em dezembro de 2009, o BNDES adquiriu de debêntures da JBS, convertidas em ações, no valor de US$ 2 bilhões, ‘para apoio do plano de expansão’ naquele ano.
“O depoente escriturou em favor de Guido Mantega, por conta desse negócio, crédito de US$ 50 milhões e abriu conta no exterior, em nome de offshore que controlava, na qual depositou o valor”, relatou Joesley.
Segundo o empresário, em reunião com Mantega, no final de 2010, o petista pediu a ele ‘que abrisse uma nova conta, que se destinaria a Dilma.
“O depoente perguntou se a conta já existente não seria suficiente para os depósitos dos valores a serem provisionados, ao que Guido respondeu que esta era de Lula, fato que só então passou a ser do conhecimento do depoente”, contou o empresário.
“O depoente indagou se Lula e Dilma sabiam do esquema, e Guido confirmou que sim.”
Joesley declarou que foi feito um financiamento de R$ 2 bilhões, em maio de 2011, para a construção da planta de celulose da Eldorado. O delator disse que Mantega ‘interveio junto a Luciano Coutinho (então presidente do BNDES) para que o negócio saísse’.
“A operação foi realizada após cumpridas as exigências legais”, afirmou Joesley. “Sempre percebeu que os pagamentos de propina não se destinavam a garantir a realização de operações ilegais, mas sim de evitar que se criassem dificuldades injustificadas para a realização de operações legais.”
O empresário declarou que depositou, ‘a pedido de Mantega’, por conta desse negócio, crédito de US$ 30 milhões em nova conta no exterior,
“O depoente, nesse momento, já sabia que esse valor se destinava a Dilma; que os saldos das contas vinculadas a Lula e Dilma eram formados pelos ajustes sucessivos de propina do esquema BNDES e do esquema-gêmeo, que funcionava no âmbito dos fundos Petros e Funcef; que esses saldos somavam, em 2014, cerca de US$ 150 milhões.”
Segundo Joesley, a partir de julho de 2014, Mantega ‘passou a chamar o depoente quase semanalmente ao Ministério da Fazenda, em Brasília, ou na sede do Banco do Brasil em São Paulo, para reuniões a que só estavam presentes os dois, nas quais lhe apresentou múltiplas listas de políticos e partidos políticos que deveriam receber doações de campanha a partir dos saldos das contas’.
Na quinta-feira, o peemedebista disse que não renunciaria, mesmo diante da denúncia de que teria dado aval para a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, preso na operação Lava-jato. Alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), ele afirmou que levaria provas de sua inocência ao tribunal.
PASSO A PASSO
Em delação premiada, o dono do frigorífico JBS Joesley Batista afirma que gravou Michel Temer dando aval para a compra do silêncio de Eduardo Cunha. Ao saber que empresário estava pagando mesada ao deputado cassado, o presidente afirmou que a ação deveria ser mantida. A delação também compromete o senador Aécio Neves, que teria solicitado mais de R$ 2 milhões para pagar sua defesa dele na Lava-jato. As informações foram divulgadas na últimas quarta-feira (17/05), pelo colunista Lauro Jardim, do Jornal O Globo, e caíram como uma bomba em Brasília.
Na gravação, feita em março deste ano, o empresário diz a Temer que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma espécie de mesada, para que eles permanecessem calados na prisão. Diante desta informação, Temer diz, na gravação: "tem que manter isso, viu?". As informações são ainda de que Joesley Batista entregou outra gravação em que Temer indica um deputado, Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver assuntos da JBS.
Depois, os investigadores filmaram Rocha Loures recebendo uma mala com R$ 500 mil, dinheiro enviado por Joesley. Pela primeira vez, foram feitas ações controladas na Lava-jato. Ou seja, mesmo já sabendo das entregas do dinheiro, a PF não agiu, esperou o melhor momento para atuar na investigação.
O jornal aponta ainda que as cédulas tinham seus números de série informados aos procuradores, sendo possível rastrear o dinheiro. Nessas ações controladas, foram distribuídos cerca de R$ 3 milhões em propinas carimbadas durante todo o mês de abril. Trechos da reportagem foram lidos pelo petista Lindbergh Farias no meio da sessão do Senado. Magno Malta o rebateu quanto Lindbergh pediu o impeachment de Temer.
A delação de Joesley cita ainda que Aécio Neves pediu R$ 2 milhões para pagar despesas com a sua defesa na Lava-jato. Joesley também gravou essa conversa. Além disso, Aécio indicou um primo, Frederico Pacheco Medeiros, para receber o dinheiro. Foram quatro entregas de R$ 500 mil cada, sendo que a PF filmou uma dessas entregas, numa ação controlada. Além disso, depois, a PF seguiu o primo de Aécio Neves e descobriu que o dinheiro não foi repassado a nenhum advogado. O dinheiro acabou em uma empresa do filho do senador Zezé Perrella.
Em nota, o tucano negou as irregularidades, disse que a relação com Joesley Batista era estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento com o setor público. Já Zezé Perrella afirmou que nunca recebeu um real sequer da JBS.
Veja o vídeo:
Fonte - CBN
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