Em memória dos 62 anos da instalação do município de Catingueira, recorda-se neste 4 de outubro, um episódio histórico ocorrido neste mesmo dia em 1959, na cidade “Portal do Vale do Piancó”.
Com uma participação expressiva para a época, cerca de 3 mil pessoas aguardavam ansiosas a comitiva do governador que era se faria acompanhar pelo primeiro bispo da Diocese de Patos, Dom Expedito Eduardo de Oliveira, entre outras tantas autoridades a exemplo dos deputados José Gayoso e Francisco Souto Neto, secretário Dr. Elzir Nogueira Matos, do Cel. Calisto, Chefe da Casa Militar do Governo e do prefeito eleito de Piancó, Paulo Montenegro Pires.
Na tarde daquele domingo festivo, era anunciada às 15h com uma salva de 21 tiros, a presença do excelentíssimo governador da Paraíba, Dr. Pedro Moreno Gondim, para a solenidade de instalação do município de Catingueira e posse de seu primeiro prefeito, Baziliano Lopes Loureiro, popularmente conhecido por “Major Badú”, nomeado para o cargo aos 9 dias do mês anterior.
Às 15h30, foi inaugurado o serviço de luz elétrica que custou ao Estado quase 1 milhão de cruzeiros, tendo ligado as chaves o governador Pedro Gondim. Também foram inauguradas as instalações da Prefeitura Municipal, com a fita simbólica cortada pela Srª. Terezinha Gayoso, esposa do deputado José Gayoso e a sede da Coletoria Estadual pelo bispo Dom Expedito.
Confira os fatos que marcaram a origem da cidade de Catingueira:
O vocábulo Catingueira, utilizado para a nomeação do atual município, tem suas origens consolidadas na existência de uma grande árvore, de mesma denominação, que encontrava-se nas proximidades da estrada, que servia de abrigo para os viajantes. Presumivelmente, eram vaqueiros que refugiava-se do forte sol e das chuvas decorrentes as exaustivas buscas aos animais desaparecidos, do mesmo modo em que os tropeiros que transportavam mantimentos e outros produtos, interligando a região com o restante da Província da Parahyba.
A colonização da área territorial de Catingueira, datada em 27 de outubro de 1738. Sucedeu-se quando o Ajudante Pedro Velho Barreto adquiriu um Sítio de Terras chamado Serra no valor de quinhentos e cinquenta mil réis na qual o capitão-mor João de Miranda como procurador do governante da Casa da Torre da Bahia, Coronel Francisco Dias d’Ávila e de sua mulher Dona Catharina Francisca Correa de Aragão e de sua mãe Dona Ignacia de Araújo Pereira, proprietários de quase todo o nordeste brasileiro. A viúva de Pedro Velho, a Sra. Joanna Maia Martins, requereu as sesmaria o título de posse das terras, que foi concedido em carta em 28 de abril de 1757.
Em 1862, ano em que corresponde ao segundo surto epidêmico de Cólera (Cholera Morbus) na Província da Parahyba. O clima era de inquietação e medo, pois a província vivera em 1856 o primeiro grande surto epidêmico da doença que de tão danoso, dizimou parte significativa da população em diversas regiões. Nesse período onde todos estavam apreensivos, a Sra. Ana Joaquina da Silva, juntamente com seu esposo Manuel Luiz de Abreu e seus filhos fizeram uma promessa a São Sebastião para que Catingueira fosse desviada do temeroso mal, e se assim ocorresse doariam uma área da terra e construiria uma Capela em honra ao Santo Protetor. Ana Joaquina teve sua prece atendida, pois a moléstia chegou até o Sítio Cabaças, município de Santa Terezinha, continuou pelo Sítio Marrecas, município de Emas, desviando-se do ponto pleiteado.
A estruturação do patrimônio de São Sebastião, teve seu início datado em 15 de setembro de 1873, quando o Tabelião Público da Vila de Piancó, Amélio Antonio Marinho Cesar, se fez presente no Sítio Sabão, Distrito de São Sebastião de Catingueira, para que a Sra. Ana Joaquina da Silva, João Luiz de Abreu, Benedito Alves de Abreu e Fridrié Rodrigues de Souza, viúva e herdeiros de Manuel Luiz (falecido em 1870), que de mansa e pacífica posse, registraram a doação em terras feitas para a criação de tal patrimônio.
Conforme alguns pesquisadores apontam, Ana Joaquina teria falecido no primeiro trimestre de 1875, e temia parecer sem antes construir a capela, foi quando pediu ao seu filho, João Luiz de Abreu, que pagasse a última parte da promessa junto com sua esposa, Felismina Maria do Amor Divino, e seus familiares. Entretanto, fontes impressas identificam sinais consistentes que a capela teria sido construída anos antes, enquanto Manuel Luiz ainda estaria vivo e comandando "os Abreus". A partir daí, registra-se a presença do Padre José Jácome de Fontes Rangel, que foi convidado para lançar a pedra fundamental para a construção da capela e do antigo cemitério que localizava-se por trás do templo, hoje "Praça da Matriz".
Desse modo, foi dando continuidade ao povoado de Catingueira. Em 24 de fevereiro de 1886, após a devoção ao santo protetor ser propagada por toda a região, várias pessoas fizeram doações em terras ao patrimônio de São Sebastião, entre elas destacam-se: Nicoláo Lopes da Silva, Silveria Maria da Conceição, Jeronymo Lopes da Silva, Izidora Maria da Conceição, Coronel Firmino Ayres de Albano Costa e Dinamérica Ayres Albano de Souza.
A economia catingueirense do século XIX, apresentava uma formação voltada ao comércio local com apenas itens de consumo básico, sem pretensões de avanço notável de produção de para a região do Piancó e das Espinharas. Segundo fontes documentais, "a vida da região era o gado a proliferar vantajosamente nos campos, domínio principal da família Pedro Firmino", como relata o escritor paraibano, Celso Mariz, ao escrever sobre a Catingueira no Jornal O Norte. Dentro desta ótica, o paraibano revela em suas publicações, que após a seca de 1898, o sertanejo percebeu a resistência do algodão e implantou essa cultura na localidade e os resultados não poderiam ser diferentes, o progresso iminente.
Salienta-se que dada as circunstâncias, em 1904, o Coronel José Parente Filho, perseguido pelas secas intensas e brutais que assolavam o planalto da Borborema, decidiu alojar seus rebanhos nos campos que possuía e escolheu as terras de São Sebastião para estabelecer maquinas a vapor e comércio, facilitando o beneficiamento e o tráfego aos algodoais da ribeira. O povoado pareceu avivar-se definitivamente, casas surgiram, as feiras aumentaram, a sociedade alegrou-se, um movimento novo descende da iniciativa do Coronel Parente, visionário que ficou perdido na história.
Um dos principais incentivadores do desenvolvimento da povoação de Catingueira, foi o coronel Firmino Aires Albano da Costa (filho do patriarca Pedro Firmino da Costa), que elegeu-se deputado provincial e ocupou uma cadeira na Assembleia Legislativa, em duas legislaturas seguidas entre os anos 1886-1889. Nesse período, por força da Lei Provincial nº 386, de 9 de setembro de 1887, a povoação de Catingueira tornou-se sede de um Distrito de Paz e como termo judiciário da Comarca de Piancó, manteve a denominação de povoação de São Sebastião da Catingueira, até 23 de julho de 1890, quando passou a denominar-se de povoado do Jucá (Decreto nº 27). Ainda com o nome de Jucá. Catingueira foi declarada Vila, através do Decreto 1.010, de 30 de março de 1938, em conformidade com o Decreto-Lei Federal 311, de 2 de março daquele mesmo ano. Finalmente, em 15 de novembro de 1938, com base no Decreto 1.164, que fixou o quadro da divisão territorial, administrativa e judiciária do Estado, foi restaurada a denominação de Catingueira, pertencendo muitos anos ao município de Piancó.
A elevação à categoria de cidade veio em decorrência da Lei 2.144, de 15 de junho de 1959. O autor do ante-projeto, que levou o número 204, foi o deputado José Afonso Gayoso e Sousa. Na solenidade de sanção do Governador Pedro Moreno Gondim, estiveram presentes, além do parlamentar que tomou a iniciativa, as seguintes personalidades: Dr. Elzir Matos-Secretário das Finanças, Plácido Lopes, Epitácio Brunet, Brasiliano Lopes Loureiro, Severino Ramos, Cesário Brandão, Marcos Gayoso Nogueira e Dr. João Costa. A instalação do município se deu em 04 de outubro do mesmo ano como anteriormente mencionada.
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João Luis Gomes Fausto
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