O Banco Central resolveu fazer um segundo leilão de dólares, no valor total de US$ 5 bilhões, na manhã desta quinta-feira, 19, depois que a moeda americana atingiu a casa dos R$ 6,30 — mesmo depois de um primeiro leilão de US$ 3 bilhões. A segunda intervenção do dia fez com que a moeda recuasse para R$ 6,1195, às 15h2min, com queda de 2,33% em relação à véspera (R$ 6,2657).
Entre a última quinta-feira, 12, e a terça-feira, 16, o BC já havia injetado US$ 12,760 bilhões no mercado, em sete leilões à vista ou com compromisso de recompra (leilão de linha), na maior intervenção em um único mês desde março de 2020.
Com os leilões desta quinta-feira, o tamanho da intervenção do BC no câmbio, em um contexto de desconfiança do mercado em relação ao controle de gastos do governo, somada à influência de fatores externos e sazonais, já chega a US$ 20,7 bilhões.
Nesta quarta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou a disparada da cotação da moeda americana, e disse que o câmbio é flutuante e que deve se acomodar à frente. Segundo o ministro, as previsões de grandes instituições financeiras para a inflação indicam uma melhora do cenário. “A previsão de inflação para o ano que vem, a previsão de câmbio para o ano que vem, até aqui, nas conversas com as grandes instituições, são melhores do que as que os especuladores estão fazendo”, disse.
Segundo ele, tem ficado cada vez mais evidente que a política monetária brasileira não está funcionando em seu modo habitual. “Geralmente, uma alta de juros atrai capital externo e faz o dólar cair, puxando para baixo o preço dos produtos importados, com impacto na inflação.”
Mas essa dinâmica, agora, não tem funcionado, diz. “Num contexto de dívida elevada, a alta de juros faz aumentar rapidamente o déficit público nominal, piora a trajetória da dívida, gera aversão ao risco e pressiona o dólar.”
A avaliação do economista é que ainda é muito cedo para dizer em que patamar o dólar vai se estabilizar. “Mas, se o câmbio seguir nos níveis atuais, continuaremos assistindo a uma escalada da inflação e a um Banco Central pressionado a manter os juros elevados por mais tempo. O melhor caminho possível para reverter esse cenário está na política fiscal, idealmente por meio de corte de gastos. O pacote de contenção de despesas vai na direção certa, mas medidas adicionais precisam ser implementadas.”
Fonte o Estadão
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