
A sessão ordinária da Câmara Municipal de Patos, realizada na noite desta quinta-feira (4), foi marcada por fortes embates, trocas de acusações e tensão entre os parlamentares, após vereadores da base governista se solidarizarem com o vereador Josmá Oliveira (MDB), único parlamentar de oposição na Casa, que teve o mandato cassado por unanimidade pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) — decisão esta que ainda cabe recurso.
O clima esquentou após discurso do vereador Samuel Pinto (PSB) na tribuna, que classificou Josmá como “inelegível” e “ficha suja”, citando a decisão do TRE, e criticou duramente colegas da base por demonstrarem solidariedade ao oposicionista. Samuel também afirmou que havia uma “vaga aberta de oposição” na Câmara e acusou vereadores de agirem por interesses pessoais ligados à disputa pela presidência da Casa. Ele ainda saiu em defesa da presidente Tide, alegando que ela foi alvo de falas ofensivas na sessão da terça (2) e que houve quebra de decoro parlamentar.
"O que ando vendo aqui é de fazer o sangue ferver de verdade. Eu tô cansado. Eu preciso marcar com esse parlamento com moral aqui, que tá na hora. Eu vou tá ensinando a ser situação nessa casa? Não preciso tá ensinando a vereador nenhum aqui não", afirmou.
As falas de Samuel provocaram reações imediatas. O vereador Rafael Policial (União) contestou a postura do colega, questionando sua “moral” para impor ordem e destacando que a solidariedade a Josmá não significa rompimento com a base do prefeito Nabor.
Já o vereador David Maia afirmou que foi citado indevidamente, defendendo sua trajetória política e dizendo que conquistou seu mandato pelo voto popular, sem depender de bajulação.
O vereador Ítalo Gomes, mesmo tendo sido alvo de denúncia feita por Josmá no passado, declarou solidariedade ao oposicionista e afirmou que o prefeito Nabor sempre manteve uma relação respeitosa com ele.
O vereadora Júnior Contigo criticou a postura que classificou como “áspera e agressiva” de Samuel e alertou que ele também possui “telhado de vidro”.
Décio Motos também discordou da fala apresentada por Samuel: "Nunca fui desrespeitoso com você. Jamais ia ter um coração tão maldoso do jeito que está tendo. Quero pedir desculpas em nome de um amigo que tenho, Cicinho Lima. Ele não merece passar essa vergonha. Sei que tem o esforço dele ao tamanho de colocar o irmão aqui nesta Casa, que tudo na política é articulação. Tinha uma grande admiração pelo amigo Samuel Pinto, mas confesso que comecei a perder, a partir deste momento".
Na parte final do embate, o vereador Maikon Minervino pediu desculpas à presidente Tide por excessos em discussões anteriores, e afirmou ao se dirigir a Samuel:
"Para entrarmos no cinema, temos que comprar o ingresso. Para entrarmos no jogo, temos que jogar com a bola. E para entrar nesta Casa Legislativa é com o voto. Deixo para ele essa reflexão. [...] E quando alguém chega nesta tribuna e fala que mulheres foram agredidas, a gente volta para o passado. Vamos ver quem foi parar na delegacia agredindo mulheres numa campanha eleitoral", disse.
Durante a sessão, Josmá Oliveira confirmou que responde a uma ação eleitoral desde o ano passado, mas afirmou que não abre mão de seus valores cristãos, que não aceita acordos políticos para manter o mandato e que prefere perder a função a se submeter a interesses de grupos.
Josmá destacou que sempre separou divergências políticas de relações pessoais e afirmou ainda que a maior perda, caso sua cassação seja confirmada, será do povo que o elegeu, reforçando que vereador não é profissão, mas uma representação popular. Ao final, agradeceu aos colegas que se solidarizaram.
A sessão evidenciou uma Câmara dividida, com embates que vão além da cassação de Josmá, envolvendo também a disputa pela presidência da Casa, alianças políticas, divergências internas na base do governo e acusações de quebra de decoro.
A decisão sobre o futuro político de Josmá Oliveira ainda depende do julgamento de recursos na Justiça Eleitoral. Enquanto isso, o clima na Câmara segue tenso e polarizado.
Por Patos Online
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